POR: Luciana Stavale e Viviana Bagnis
A Rua da Alfândega nada mais foi, no seu começo, do que um caminho através do qual os cariocas da zona praieira entre a Misericórdia e a S. Bento se comunicavam com a lagoa do Capueruçu, quase na junção da hoje Rua do Riachuelo com a Frei Caneca.
A partir de 1716 é que começou a ser da Alfândega, porque diante dela, na praia, é que a Alfândega estava. Nela residiu D. Alarcão, o primeiro bispo do Rio, em 1682. E também o Governador Salvador de Sá. Foi nela que nasceu o Clube de Engenharia. Nela se instalaram os primeiros comerciantes ingleses que começaram a chegar ao Brasil logo depois da abertura dos portos, em 1808, e mais tarde, da Vala para cima, os sírios e os libaneses que o povo teimava em dizer que eram turcos.
Com os primeiros comerciantes ingleses chegados ao Brasil, após a abertura dos portos, vieram também alguns leiloeiros. Em 1845 nela abriu escritórios, talvez das nossas grandes companhias de seguros – a Argos Fluminense, fundada pouco antes pelo dinâmico Inácio Ratton.
Nela, é que havia funcionado até 1882 a companhia de gás de Mauá, nesse ano transferida para a de S. Pedro.
A Rua da Alfândega abrigou o segundo dos Centros Socialistas aparecidos no Brasil, porque o primeiro foi, sem dúvida, o de Santos, em 1895 – já dedicado à difusão do socialismo nas classes operárias por iniciativa, entre outros, do jornalista Vicente de Souza. Eis por que não é de estranhar-se que nela se reunissem os chefes intelectuais da grande greve geral de 1918 no Rio, nela presos no número 22 sob a acusação de desejarem convertê-la numa revolução inspirada na dos russos. Eram eles o anarquista (e professor) José Oiticica, o futuro fundador do Partido Comunista, Astrogildo Pereira e Miguel Campos.
No livro sobre o Brasil, velho de mais de um século, sobre a Rua da Alfândega nos deixou estas impressões o francês Fernando Denis: “Uma das coisas que sempre excitam a admiração do estrangeiro que chega à rua que conduz à Alfândega, na qual se efetuam quase todos os transportes da cidade, é o ajuntamento de negros, de tantas raças africanas... Aqui aparecem pretas com cestos cheios de frutos, que nas quintas de seus senhores acabam de colher e vão levar à praça: mais longe se vê a negra crioula com a sua camisa guarnecida de renda, e com longos cordões de ouro; esta vai cumprir algum mandado...”
Rua da Alfândega, mal também não lhe ficaria decerto o nome de Rua das Igrejas, porque dificilmente haverá outra no mundo em que nada menos de três existam, a as três construídas nos meados do século XVIII.
Hoje, na Rua da Alfândega encontram-se de tudo, roupas, decoração para festas, artigos para o lar, bijuterias, assessórios para confecções de produtos, entre outras coisas e tudo pelos melhores preços. Possui restaurantes com baixos custos para quem trabalha no Centro da cidade e passeia por lá.
Você se depara com prédios construídos na época da família real, que hoje servem como depósitos de mercadorias. Os produtos são expostos pelas calçadas, dividindo espaço com os pedestres.
Vídeo sobre a rua: http://www.youtube.com/watch?v=5ODjvNa64YU&feature=player_embedded
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