5 de outubro de 2010

CALÇADAS DE NOSSAS RUAS

POR: Marcos Teixeira e Paula Antonello

Apresentação:
           Como o tema do  nosso Blog é "ruas", nada mais justo do que falar das "calçadas" de nossas ruas. Sabemos que há uma enorme variedade de desenhos, pedras e materiais diferentes que dão um toque especial e particular para cada calçada. Vamos abordar um pouco o lado histórico e no final do post colocar imagens de calçadas de todo o Brasil, com os mais diversos desenhos.
 Histórico – Herança Portuguesa
            Nas primeiras vias do Brasil, não havia calçadas, tudo era rua. As pessoas circulavam por baixo das marquizes , nas extremidades da via; na qual passava uma vala coletora pluvial no centro.
            Com o surgimento dos veículos ( carruagens, depois carros) os pedestres tiveram sua área reduzida aos cantos da rua .Por motivos de segurança e conforto, elevou-se  o nível das laterais da via , onde costumavam caminhar os pedestres, criando assim nossa conhecida calçada.
            Por longos séculos da colonização,as calçadas eram de pedra , e ,só no séc. XX com Pereira Passos, o Brasil experimentou o piso de pedra portuguesa.
            Os estudiosos portugueses atribuem a D. Manuel, rei de Portugal por ocasião dos descobrimentos, a iniciativa de pavimentar o piso em volta da Torre de Belém com seixos rolados, chamados por lá de "calhaus" rolados, recolhidos às margens do Tejo, para homenagear a chegada de Vasco da Gama há 500 anos.
            Depois do terremoto que dizimou Lisboa ao final do século XVIII, muitas casas lisboetas recorreram aos seixos para desenhar estrelas na calçada como talismã contra os tremores da terra.
            A chamada "pedra portuguesa", confome a conhecemos, em calcita branca e basalto negro, foi empregada pela primeira vez em Lisboa no ano de 1842, por presisidários, então chamados "grilhetas". A iniciativa partiu do Governador de Armas do Castelo de S. Jorge, Tenente-general Eusébio Cândido Furtado. O desenho foi uma aplicação simples, tipo zig-zag. Para a época foi uma obra de certa forma insólita que motivou versos satíricos dos cronistas portugueses e levou o escritor Almeida Garret a mencioná-la no romance O Arco de Sant'Anna.
          O sucesso foi tanto que proporcionou ao Tenente-general novas verbas para pavimentar toda a área do Rossio - seguramente a região mais conhecida, mais central de Lisboa - numa extensão de 8.712 metros quadrados. Logo, a pavimentação musiva se espalhou por toda a cidade e pelo país. As jazidas estavam disponíveis na periferia da capital portuguesa.
A preferência pelas pedras confere uma espécie de atualização ao uso comum, até pouco antes, de seixos nos átrios das casas, dos conventos e palácios. E encontra amparo erudito nos registros de mosaicos romanos, descobertos e identificados nos albores do século XIX, nomeadamente em Conímbriga, vizinha a Coimbra, o mais formidável sítio arqueológico de Portugal.
            No Brasil, a escolha de Pereira Passos para prefeito do Rio de Janeiro no albor do Século XX veio abrir um novo ciclo de desenvolvimento urbano para a cidade. Já era um homem septuagenário, havia estudado em Paris, onde bebeu da experiência revolucionária que Haussmann empreendera na cidade, após a derrota da Comuna, rasgando avenidas majestosas e dando à capital francesa a feição que guarda ainda hoje. Conhecido como o "bota abaixo", Pereira Passos arrasou com o morro do Castelo, pondo por terra cerca de 600 casas e rasgando a fórceps a chamada Avenida Central, em 1905, que seria rebatizada de Avenida Rio Branco, dois dias depois da morte do Barão, em 1912.
            Para calçar a nova Avenida, fez vir de Portugal um grupo de calceteiros portugueses e, também, as pedras portuguesas (calcita branca e basalto negro). A quantidade era enorme e, além de calçar toda a Avenida, com desenhos variados, conforme o local onde era aplicado, as pedras ainda foram calçar, em 1906, a Avenida Atlântica, construída também  por sua iniciativa, viabilizando os bairros de Copacabana e do Leme através da abertura do túnel do Leme no início daquele ano.
         As importações de pedras portuguesas efetuadas por Pereira Passos nunca mais se repetiram. Logo foram identificadas enormes jazidas próximas ao Rio de Janeiro, mas a denominação das pedras ficou. Hoje, suas extrações são variadas e espalhadas por todo o país, mas é de se destacar o Paraná como um dos maiores fornecedores.
       Em Copacabana, o desenho das ondas, imitando o mar, ficou para sempre com a cara do bairro, tornando-se um logotipo internacional. O desenho foi trazido pelos calceteiros portugueses, mas não tinha então a volúpia curvilínea que se nota hoje.
            As curvas das pedras de Copacabana só ganhariam os contornos mais delineados que têm hoje a partir de 1970, com o aumento da faixa de areia e o alargamento das pistas da orla.
      O paisagista, artista plástico e mosaicista Roberto Burle Marx foi chamado a refazer o calçamento de toda a extensão da Avenida e teve o bom gosto de manter o desenho original, apenas acentuando as curvas numa forma ainda mais sensual que o projeto de 1906. Não é, propriamente, o autor do desenho, porque o novo design já fora empregado pelos próprios portugueses em outras calçadas de Lisboa, inclusive na pavimentação externa, do pátio do chamado Padrão do Descobrimento, próximo à Torre de Belém.
      Burle Marx inovou no calçamento interno, fazendo uso de pedras portuguesas de três cores - branco, preto e vermelho - com as quais desenhou no chão aquelas composições plásticas características de sua telas, com inspiração acentuada nos padrões cromáticos indígenas.  O paisagista pode ser considerado como um grande mosaicista contemporâneo.
FOTOS DE CALÇADAS COM DESENHOS DIFERENTES:
     Calçada em São Paulo
       Campus de uma Faculdade - Brasil
        Palhoça - Santa Catarina  
              Praia Grande, Macau
      Praia Grande, Macau
           Vila Isabel, Rio de Janeiro
              Vila Isabel, Rio de Janeiro
            Calçada de Pedra Portuguesa - Brasil
            Calçadas de Pedra Portuguesa - Brasil

Fonte Bibliográfica:

 Texto dos alunos: Ellis Santos Pacheco e Ricardo para a disciplina de Tecnologia I ministrada pelo professor Anderson Claro.

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