23 de novembro de 2010

Com quantos nomes se faz uma Carioca?

Por Tatiana Escanho e Rodrigo Troncoso    
A Rua da Carioca não poderia ser mais simbólica para cidade do Rio de Janeiro, embora, em sua história, tenha carregado outros nomes. Seu início data do final do século XVII, como um caminho aberto para evitar o alagamento do terreno e levar ao Campo da Cidade, atual Praça Tiradentes. Seus lados abrigavam o Morro de Santo Antonio, com a propriedade dos frades franciscanos, e, à direita, os primeiros prédios.
Vista do Morro de Santo Antônio
A Igreja e convento de Santo Antônio
Chamou-se Caminho e, depois, Rua do Egito, em homenagem à Sagrada Família em sua fuga para o Egito. Em 1741, o Convento cedeu um terreno para a construção do Hospital da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência, que se tornaria referência médico-hospitalar da Família Real. Começavam a surgir casas do lado esquerdo da rua. No fim do século XVIII, um conhecido procurador de causas, que residia e tinha imóveis na rua, ganhou de seus rivais o apelido de "piolho", por  vasculhar incessantemente os tribunais à procura de questões (o apelido vem da expressão "como piolho em costura"). A rua passou a ser conhecida como "Rua do Piolho" até 1848, quando a Câmara Municipal deu-lhe o nome de Rua da Carioca, devido ao chafariz da carioca. 
A rua traz uma particularidade em suas construções: o lado ímpar possui construções Neoclássicas, de 1887; o lado par apresenta grande diversidade eclética, com construções que substituíram as originais, em 1903. A mudança ocorreu quando a rua deixou de ser uma viela suja, estreita e feia, durante o processo urbanizador de Pereira Passos, engenheiro e prefeito da cidade entre 1902 e 1906. Também foi alargada para 17 metros e trouxe um novo visual para o centro do Rio.
O coração do Rio, o Largo da Carioca
Além das calçadas da rua mais carioca do Rio serem marcadas pela musica, devido às diversas lojas de instrumentos musicais, a carioca boemia também vive ali. Uma de suas principais referâncias é o Cinema Íris. Exemplo de Art-Nouveau da cidade, foi projetado pelo engenheiro Paulo de Frontin. O local faz parte da história cultural do Rio e hoje promove festas, shows e projeções de vídeos para os jovens cariocas. Na rua também se situa um dos mais tradicionais bares da cidade, o Bar Luiz. Fundado no Segundo Império por Jacob Wendling, o estabelecimento chamava-se originalmente Zum Schlauch ("A Mangueira" ou "A Serpentina", em alemão), uma referência ao fato do chope circular dentro de uma serpentina imersa no gelo. Por ali já passaram João do Rio, Olavo Bilac, Ziraldo, Jaguar e Sérgio Cabral (pai). Em agosto de 1985, a Rua da Carioca e adjacências foram tombadas pelo Patrimônio Histórico Municipal, salvando o Bar Luiz da ameaça de demolição provocada pelas obras do metrô e mantendo vivo "o bar mais carioca do Rio de Janeiro" e "o melhor chope do Rio de Janeiro".

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