29 de novembro de 2010

Jangadeiros: um cenário histórico no mundo da arte brasileira

Por Patricia Esteves e Guilherme Lima
 
Há muitas histórias pelas ruas que cortam nosso imenso Brasil. A Jangadeiros, por exemplo, tem muitas que com certeza se perderam com o tempo. No entanto, outras ainda resistiram e fazem parte do histórico da rua que foi batizada com o nome em 1922, depois de ser chamada de 16 de Novembro (antes a Rua Jangadeiros era a atual Aníbal de Mendonça, também em Ipanema). A escolha foi uma homenagem aos grupos do Nordeste brasileiro que atravessavam a costa do país (do Ceará ao Rio de Janeiro) com jangadas.

Com o governo do presidente Epitácio Pessoa, aos poucos, o bairro de Ipanema foi tomando forma e passou a ser considerado reduto de intelectuais e da boemia da zona sul. Nenhum outro lugar na Cidade Maravilhosa era frenquentado pelos grandes nomes das artes como o local, a não ser a Lapa, no Centro. Só que Ipanema tinha um clima diferente e foi lá que nasceram grandes sucessos da nossa arte.

Na Jangadeiros, o “point” era o bar de mesmo nome. Fundado em 1935 na Visconde de Pirajá (antiga Vinte de Novembro), com nome de Bar Rhenânia, foi rebatizado após a declaração de guerra à Alemanha, sendo transferido posteriormente para a Rua Teixeira de Melo. . Na década de 50, foi ponto de encontro de grandes intelectuais, como Rubem Braga, Fernando Sabino, Gláucio Gil, Millor Fernandes, Vinícius de Moraes, entre outros. Os freqüentadores da casa eram conhecidos como “Bando de Ipanema”, que tinham como musa a atriz Tônia Carrero, também participante.

Muitos “causos” também fazem parte da história do estabelecimento. Um deles e talvez o mais conhecido é o do mascote do bar: um coelho. Além de ter feito um dos clientes correr para o hotel para tomar um banho gelado, por ter visto o animal e achar que ele estava tendo alucinações, uma outra freqüentadora também passou por situação parecida. A jovem acreditou que por conta de sua bebedeira estaria vendo demais e quase desmaiou.
O grupo de amigos conhecido como “Bossa Nova de Ipanema”, composto por Vinícius de Moraes – já citado antes -, João Roberto Kelly, Roberto Menescal, Tom Jobim, Carlos Lyra e Joaquim Pedro de Andrade, percursores do ritmo que estava encantando mundo, também eram figurinhas repetidas no bar.

A rua chegou a abrigar também o Teatro de Bolso, que nos anos 70 além de mudar seu nome para Cine Teatro Poeira, mudou-se também para a Ataulfo de Paiva, no Leblon. Hoje, a Rua Jangadeiros abriga Pólo Gastronômico de Ipanema, inaugurado em dezembro de 2005, com um investimento de R$180 mil. A iniciativa fez parte de um projeto para iniciar a revitalização da rua, que passou alguns anos esquecida após a efervescência cultural dos últimos anos do século XX.

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